O profeta Isaías em seu tempo, disse: “Temos pecado muito contra ti, ó Deus, e os nossos pecados nos acusam. Não podemos esquecer as nossas maldades; reconhecemos que somos culpados. Não temos sido fiéis, temos nos revoltado contra ti e nos afastado de ti, o nosso Deus. Temos falado de crimes e de revoltas e temos feito planos para enganar os outros. A justiça é posta de lado, e o direito é afastado. A verdade anda tropeçando no tribunal, e a honestidade não consegue chegar até lá. A verdade desapareceu, e os que procuram ser honestos são perseguidos.” (Is 59:12 a 15)
Ao ler esses versículos, nos parece que ele é mais atual e do que qualquer jornal que foi impresso hoje. Isaías diagnostica um dos grandes problemas de sua nação e o denuncia. Não parece que ele está diagnosticando um problema apenas do seu povo, mas, parece que ele está fazendo um diagnóstico do Brasil. O engraçado que esse homem está a mais de 2.500 anos atrás de nós… que precisão é essa com que ele narra as coisas semelhantes aos nossos dias? Os problemas são os mesmos, parece que o mundo não melhorou, não evoluiu.
Certamente, os tempos mudaram, mas o seu habitante não mudou – o homem. O coração do homem é inclinado para o mau (Gn 8.21), maquinando e desejando tudo que é contra a lei de Deus, tudo que fere o próximo e desagrega a sociedade.
Essa palavra não pode ser olhada com as lentes do retrovisor como se estivéssemos descrevendo e citando um fato pretérito e antigo, mas é como se o texto estivesse olhando para nós mesmo no espelho.
Não há moralidade em nosso meio, a inversão de valores se instalou desde que o mundo é mundo, hoje é normal ser desonesto com os outros e com a vida, até mesmo com Deus, pois eles dizem: “Deus é misericordioso e perdoador!”. Ao invés de aborrecerem ao mau e amarem ao bem, fazem o inverso, “amam o mau, e aborrecem ao bem” (Mq 3:2).
Está errado quem opta em fazer o certo. Loucura! É isso que querem nos passar. Parece que fazer e defender o certo é crime, ou no mínimo, resquício de uma mente “otária”, por ser assim muitos acabam sendo perseguidos:
“(…)a verdade anda tropeçando no tribunal, e a honestidade não consegue chegar até lá. A verdade desapareceu, e os que procuram ser honestos são perseguidos.” (Is 59:14,15).
Uma coisa é tolerância ao erro, outra coisa bem diferente é inversão de valores. Você pode tolerar o erro próprio ou alheio, mas aceitar a inversão deliberada de valores, NÃO!
Aquilo que era vergonho, hoje é aplaudido. Aquilo que era repudiado, hoje se tornou aceito. Aquilo que é bom e legítimo parece virou fato vergonhoso. Olhem para a nossa vida e nação, olhem os noticiários e veja se estou exagerando. Olhem a política, olhem a justiça no Brasil, olhem para alguns de seus parentes, para alguns de seus amigos; olhem para vocês mesmos. Eu também olho para mim e constantemente e me decepciono, tolero meu erro porque sei que ando perdoado em Cristo, mas não aceito inverter meus valores e minha consciência deliberadamente.
O QUE RUI BARBOSA TEM A VER COM ISSO?
Li uma frase citada num requerimento em 2007 creditada ao Senador Rui Barbosa, e ao que parece, ele o escreveu em virtude do vultoso Caso Satélite ocorrido em 1914, onde, segundo palavras do próprio senador, foi uma chacina de presos. A impunidade dos assassinos confessos, depois de quase 4 anos decorridos do crime, foi o que motivou Rui Barbosa a fazer o Requerimento falando sobre “a vergonha de ser honesto”. Leia:

“(…)de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.“
Há ou não consenso entre o antigo texto de Isaías citado no início, que salta aos nossos olhos com uma precisão estonteante como se outrora tivesse sido escrito hoje com a frase de Rui Barbosa?
Termino com mais duas frases, a primeira é atribuída a Tomás de Aquino, filósofo escolástico e teólogo católico, a segunda, a Martin Luther King Jr., ambas se coadunam com tudo que dissemos aqui:
“Não se opor ao erro é aprová-lo, e não defender a verdade é suprimi-la; e a nossa negligência em defender a verdade, quando podemos fazê-lo, é tão pecado quanto incentivar o erro. A paz, se possível, mas, a verdade, a qualquer preço”;
“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.“
Em que lado estamos?
Do lado dos que se indignam com a desonestidade no mundo, ou dos que até se sentem envergonhados, mas ficam inertes negligenciando todo erro cometido dando uma de, no jargão popular, “João sem braço” vendo a desonestidade e a injustiça traçando o mundo?
“A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens (Rm 12:17), pois zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens (II Co 8:21), para que andeis honestamente para com os que estão de fora, e não necessiteis de coisa alguma (I Ts 4:12), tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem (I Pe 2:12). Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4:8).
Amigos e irmãos, “nada podemos contra a verdade, senão pela verdade!” (II Co 13:8).
Escrito em 21/09/2013. Redigido e acrescido novas palavras em 07/04/2021 e repostado hoje, 19/10/2024.