Diante dos nossos olhos ocorre a guerra na Ucrânia (Março de 2022), onde a Rússia, por meio de seu poderio, tem invadido a Ucrânia, matando pessoas, destruindo estabelecimentos, hospitais, emissoras de TV, escolas e outras atrocidades desproporcionais, pois, é notório que, até mesmo pelo tamanho geográfico da Ucrânia, fica claro que ela não é uma poderosa nação (até porque é juvenil), tampouco uma potência militar de ponta, como é a Rússia.
Mediante esse fato, para defender seu território sendo uma resistência contra um oponente poderoso, o parlamento ucraniano aprovou o porte de armas para civis para tentarem, de alguma forma, aumentar as chances de defesas e resistência contra a Rússia. Porém, esse fato nos faz pensar, digo no tocante à aprovação no uso de armas para civis por um país. Há quem defenda que armas apenas matam; outros alegam que quanto mais armas circulando, ainda que sejam em boas mãos, ocorrerão mais e mais mortes…
Conquanto nós como cristão temos de ser agentes da Paz, conforme Mt 5:9, “bem aventurado os pacificadores…” e incentivados a buscar a paz com todos: “segui a paz com todos” (RM 12:18); que as nossas armas devem ser espirituais e não carnais, II Co 10:4; e que a nossa luta é contra Satanás usando armas espirituais, conforme Ef 6:10 a 17; e que o Cristão não deve “pagar mal por mal”, isto é, ser vingativo; e que se há uma ordenança de “não matarás” – ainda que o real significado seja “não cometerás assassinato”. Embora todas essas passagens sejam Princípios Eternos, elas não estão dizendo, também, que devemos ser otários, pois, o evangelho não nos chama para o enfrentamento físico com ninguém, mas não nos desautoriza a defesa.
Em Mt 10:9 e 10, Jesus comissiona seus discípulos a sair pregando e os admoesta que não levassem nada com eles; que apenas confiassem na provisão divina, no cuidado supridor de Deus para com eles. Isso se repete em Lc 22:35 a 38, após Jesus avisar a Pedro que 03 (três) vezes ele o negaria, quando ele volta a questão e pergunta se quando Ele os enviou a pregar sem que levassem com eles nada (Mt 10:9 e 10), se mesmo assim lhes havia faltado algo (v.35). Agora, na eminência de ser preso e seus discípulos de passarem por perseguições e perigos, Jesus dá uma ordem inversa; antes eles que saíam sem nada, agora, Jesus diz que “aquele que não tem espada; se não tiver dinheiro para comprar, venda a sua capa (que os protegia do frio) e compre uma”, dando a entender que seria necessário possuir uma espada para a sua legítima defesa (v.36). Então, seus discípulos, levando a ordenança de Jesus ao pé da letra; disseram que agora eles tinham, não uma, mas 02 (duas) espadas; Jesus, então, disse: “Basta!” (v.38). O Curioso que esse “Basta” de Jesus, para os chamados “pacifistas”, tem uma conotação irônica, como se Ele tivesse levado a mão na cabeça dizendo: “Parem! Vocês não entenderam nada!” No entanto, a palavra “Basta” utilizada por Jesus no texto, é a palavra grega “hikanos”, que dá a ideia de “adequado, suficiente”, e não essa ironia de Deus (Jesus) como se os discípulos não estivessem entendendo nada do que Ele estava querendo dizer.
A sequência disso foi Jesus sendo preso, e Pedro pegando a espada e ferindo a orelha do servo do sumo sacerdote que foi para prender Jesus. Então, Jesus disse, novamente um “Basta!”, mandando que Pedro guardasse sua espada, e ainda disse que “todos que ferissem alguém com espada, pela espada morreria, pois, se Ele quisesse defesa, ele poderia orar a Deus e Deus enviaria um batalhão de anjos para protegê-lo” (Lc 22:49 a 51 e Mt 26:51 a 53). Está bastante claro que Jesus não apoiou a violência-sem-causa quando disse esse “basta/suficiente”, uma vez que ele mesmo disse que as Escrituras diziam que sua prisão ocorreria, então, seria desnecessário a utilização de violência por meio da espada, face a profecia de que Ele seria preso, isso significa COM ou SEM espada; estava determinado por Deus que Ele seria preso e a profecia seria cumprida (Mt 26:54), foi por esse motivo que Pedro foi admoestado a guardar sua espada (v.52).
Uma arma pode ser de defesa e para ataque, mas que em sendo praticada por uma pessoa lúcida e totalmente revestida pelo Evangelho, servirá apenas para a defesa, nunca para ataque, como Pedro fez.
Poderíamos sugerir a citação de passagens do A.T. quando se vê, claramente, a utilização de armas para defesa para nos embasarmos na utilização dela, como (1)Neemias, que colocou uma arma e uma pá na mão do povo para se defenderem, e (2)Davi, que fez a utilização de uma arma com pedras para matar Golias e não com flores. Mas, os pacifistas dirão que “o A.T. nessa questão é antagônica ao N.T., diante de tudo que Jesus ensinou sobre amar a todos e ser um pacificador de coração manso e puro.” Talvez se dissermos que Jesus em Jo 2:15, pegou num azorrague (espécie de açoite usado para a aplicação de flagelo em condenados, formado por várias correias presas num cabo ou pau) para chicotear os cambistas no templo, será que eles mudariam de ideia vendo o Príncipe da Paz tendo essa atitude?
É, meus amigos… se por motivos religiosos, ou seja, em questão da divulgação do evangelho, Jesus opunhou-se ao uso da força proibindo o uso de espadas, porém, pode-se assumir que por motivos civis, Jesus as incluiu aprovando o uso da força (utilização da espada) quando se tratava de proteger a vida em legítima defesa: “aquele que não tem espada, venda a sua capa e compre uma!”
Você não é obrigado a ter uma arma – é um direito seu –, mas não podem ser desonestos pregando ou dando a entender que o cristão não é cristão de verdade se quiser ter ou se tiver uma arma para a defesa própria ou de outrem.
Rubens Júnior,
Campos/RJ,
03/03/2022