Cuidado com a tal da “incompatibilidade de gênios”. O amor não busca seus próprios interesses.”

Que é verdadeiro e notório que existam pessoas totalmente incompatíveis para uma vida a dois, isso sabemos, percebemos com o dia-a-dia das pessoas ou, até mesmo, por experiências próprias. Isso é um fato que não podemos negar. Existem pessoas SIM que são totalmente incompatíveis. Há pessamentos e compartamentos no outro que insistir nessa relação é abraçar o espinheiro e achar que não se ferirá, é andar descalço nas brasas e achar que não queimará os pés. Talvez tão pior quanto uma traição, é a NÃO-ADAPTAÇÃO A VIDA A DOIS. Quando não dá liga, quando não dá certo…

No entanto, estou observando pessoas pegarem carona nessa ideia da “incompatibilidade de gênios”, que hoje em dia é muito disseminada na internet por dois motivos: (1)Orgulho e (2)Fantasia da Pessoa Ideal projetada na mente.

(1)Há pessoas que são notadamente orgulhosas, pensam como pensam e não abrem mão dos seus pensamentos, ao menos que sejam pensamentos sérios e que podem repercutir gravemente em sua vida, aceitar isso, tudo bem, como por exemplo: há pessoas que não aceitam uma traição. Se você não tiver um espigão mental para suportar a dor desse negócio, melhor realmente manter-se firme em seu pensamento e seguir seu rumo. Mas, me refiro a pessoas que, por orgulho, não abrem mão dos seus ideais e filosofia de vida, preferem perder a outra pessoa por não negociar, gostam de se valorizar tanto que admitem ser absurdo mudar em função do outro. Estas pessoas entram na relação com foco em se tornarem felizes e esquecem de que se devem, em primeira instância, fazerem o outros feliz. É só fazendo o outro feliz que tenho a possibilidade de ser feliz com ela(e). Mas, o orgulho fala muito alto, não se dobram jamais…

Por isso, nessa teimosia orgulhosa de que nenhuma das partes cedem, vira essa história de “incompatibilidade de gênios”. Incompatibilidade de gênios, na maioria das vezes, é a desculpa que os orgulhosos dão para não cederem e mudarem em função do outro.  

(2)Há também aquelas pessoas que no percurso da vida e as decepções apresentadas por ela, desenvolveram uma espécie de projeção fantasiosa, holograma da pessoa ideal, desenvolve a ideologia aplicada a pessoa que seria sua cara-metade e a metade da laranja adequada, certamente essa pessoa se enganará muito e, encontrando pessoas numa primeira examinada e num primeiro convívio, pareçam até ser como elas imaginavam, mas, é no convívio mesmo que a outra vai deixando de ser o que o que dela se imaginava, porque, ninguém na terra vai conseguir concorrer, competir e nem corresponder ao seus sonhos da Pessoa Perfeita, ao seu holograma e a sua projeção de parceiro ideal. Nesse sentido, você nunca encontrará ninguém, pois, essa pessoa vai perder na concorrência para a Pessoa Idealizada que você tem no coração.

Não podemos ter a obsessão dessa idealização, pois, assim, iremos buscar isso de forma tão obcecadamente louca sem perceber que, às vezes, está com ela(e) ao lado e não vai perceber o tesouro lindo que chegou para você, justamente por causa  do vício das projeções fantasiosas da pessoa ideal não-alcançada que você tem, aí começará a fazer padrões, listas de “ticagens” positivas e negativas da pessoa, coisas que “cabem e que não cabem” da pessoa na sua vida e, repito: quase nunca se dá pra concorrer e competir com a idealização que se tenha na mente, a outra pessoa perderá essa luta para sua idealização e, exatamente nesse ponto você vai dizer que ela é “muito diferente de você”, que “não bate e que é plenamente incompatível com ela” quando, na verdade, o problema era a Fantasia da Pessoa Ideal, e não a incompatibilidade que por ventura exista.

A idealização é muito perversa e forte, ninguém compete com ela e sai incólume. Quem a alcançará?

Absolutamente ninguém!

Não há relacionamentos que hoje estejam bem fixados no amor que tenham começado com uma lista do que serve ou não serve, estes, se tivessem começado assim, certamente não estariam juntos, porque, de fato, ninguém-é-igual-a-ninguém, ainda que possam existir semelhanças. O que importa mesmo é escolher a ESSÊNCIA da pessoa.

“Quem se apaixona pela ESSÊNCIA da pessoa, a parte externa se torna apenas um detalhe!”
Autor desconhecido

Quando se há amor, todas as diferenças são tratáveis. Escolha a ESSÊNCIA, ainda que em volta dela existam um monte de coisas que não combinem com você e que você não gosta. Esqueça as coisas que não combinam com sua idealização de pessoa ideal. Largue essa fantasia e viva, só se o pensamento de vida-a-dois e o comportamento da outra pessoa seja a própria violação da sua consciência e crença inegociável, aí sim, do contrário, todos somos diferentes.

As ESSÊNCIAS encontradas valem à pena para além de tudo, o resto é uma simples questão de orgulho, de se disponibilizar a diminuir os significados e importâncias de forma lenta e gradativa, mas, sempre voltado para a ESSÊNCIA como principal meio de sustentar a relação.

I Co 13:5: “(…)o amor não busca seus próprios interesses…”, ele busca, primeiro, o interesse do outro.

Se não há um sequer que não erre e que não peque, Cantares 4:7 nos causa espécia quando diz: “Tu és toda formosa, querida minha, e em ti não há defeito.” (Ct 4:7). Ora, se não há pessoas perfeitas, pessoas que não cometam erros, porque é que ele diz que em sua mulher não havia defeitos? Simples! Ele estava dizendo que o amor não se concentra nos defeitos, mas nas virtudes, na essência. Se ficarmos ligados, atentos e concentrados apenas nos defeitos da pessoa que vivemos, certamente não teremos tempo para fazer mais nada no dia. É pela essência que olharemos para a pessoa que vive conosco como alguém perfeito. A observação das virtudes e da essência, torna o outro, em nós, perfeito.  

Quando há esse pensamento do significado do amor, você cede, você tolera e entende a diferença do outro, sem, obviamente abrir mão, também, das suas posições sérias e dos seus reais princípios que norteiam a sua vida.

Nunca acredite que viver bem com alguém signifique “viver com alguém igual a mim”, certamente é será sem graça e um verdadeiro caos. Até porque, temos defeitos demais pra desejar algém que fosse um reflexo nosso. Deus nos livre disso! Mas, ainda que diferentes do outro, fixados na essência do outro teremos “o mesmo amor, seremos unidos de alma e teremos o mesmo sentimento” (Fp 2:2).

Rubens Júnior,
03/04/2021,
Campos dos Goytacazes/RJ.

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