A perseverança está morrendo e a renúncia já não existe mais

Se ouve falar em renúncia hoje em dia? Pessoas dizendo que “é preciso renunciar?” Não, tenho certeza que não. Pergunte a qualquer antigo e ele lhe dirá o oposto, os antigos viviam falando sobre renúncia, “que é preciso renunciar, que isto ou aquilo demanda renúncia, e por aí vai”, as pessoas antigamente renunciavam. Vede os relacionamentos do passado que duraram e pergunte aos que nele viveram, se tiveram de renunciar e quantas vezes o fizeram. Hoje, a palavra renúncia caiu em obsolecência e em desuso, falar hoje em renúncia é fazer o papel do bobo da côrte, do otário.

A perseverança está morrendo e a renúncia já não existe mais.

Hoje não se ouve falar mais nisso. Uns conhecem na prática e outros ainda em aperfeiçoamento porque são cristãos, pois, ser de Deus demanda renunciar muitas coisas na vida. Jesus disse que “aquele que quiser vir a mim, negue-se e renuncie-se a si mesmo…” (Lc 9:23). Mas, lamento, essa palavra morreu, observe na literatura contemporânea se você encontra algo sobre renúncia. Nada.

Quando Paulo diz que “o amor é paciente e não busca os seus próprios interesses”, ele está dizendo que não há amor sem renúncia; amar demanda renunciar, são palavras dicotômicas, andam juntas e não se separam. O mesmo disse noutra ocasião que se “por causa de comida, bebida e outras coisas vier a fazer tropeçar, a entristecer e a escandalizar alguém amado, a consciência do amor nos manda renunciar, abdicar, deixar de fazer” (Rm 14:13; I Co 8:13).

Separar o amor da renúncia é violar o poder do amor, é diminuir o amor e transformá-lo em “gostar”. Quem gosta tem apenas o prazer do gostar, visto que amar não, amar demanda, além do amor, coisas a ele atrelado. No entanto, julgo ser mais preferível viver com todas as consequências que o amor traz consigo, do que viver o conforto raso e superficial do “gostar”, até porque, se consegue desgostar e des-admirar uma pessoa, mas, des-amar, JAMAIS!

Quero continuar amando, aprendendo a cada dia sentir a sublimidade do amor e as consequências que ele traz em si, se assim não for, como conseguiria amar, visto que nada de bom chega e fica em nossa vida sem sacrifício, sem abnegação das nossas “vontades próprias”, dos nossos “desejos vaidosos”, dos nossos “nós e ao vosso reino nada”, mas, pra conviver em harmonia com o outro em geral, é preciso deixar todos estes nossos “pedaços” no chão-da-existência (relação).

Rubens Júnior,
Campos/RJ.