Um papo cabeça entre o cristão e a bebida alcoólica

A questão de bebida alcoólica, não é propriamente ela, mas:

(1) A quantidade que se bebe;
(2) Quem pode ou não pode beber por motivos de saúde;
(3) Aos que tem propensão à dependência;
(4) E aos que por por momentos circunstanciais perdem o autocontrole.

Bebida alcoólica é algo que choca as pessoas, principalmente os crentes, e porquê isso? Ora, vemos sempre nos jornais, na TV, na internet e, em outros veículos de comunicação, que o álcool destrói a vida de muitas pessoas. Mas, será que isso é mentira? De maneira nenhuma! É a pura realidade! No entanto, os crentes em geral não dizem e pregam contra o álcool somente porque ele é devastador contra a vida humana, mas, por motivos, talvez um pouco moralistas.

Sempre fora ensinado aos crentes que bebida alcoólica é “água do diabo”, daí sempre houve uma proibição, pois, quem bebe trona-se em um ser desviado da presença de Deus. O cara pode ser bom, pacificador, coração amigo, piedoso, misericordioso, limpo de olhos, sem inveja, mas, se beber, será considerado mundano, desviado e demoníaco, pois ingeriu um líquido alcoólico que o colocará no fogo eterno. Agora, pense na cena de um Deus, de um Deus que criou tudo que existe, criou toda essa vastidão de mundos e universos, esse mesmo Deus que se manifestou em pleno amor, e esse mesmo Deus colocar pessoas no inferno simplesmente porque ingeriram uma bebida… Não seria um pouco estranho, um Deus tão Grande e Magestoso se preocupar com isso e condenar eternamente uma pessoa por esse fato? Penso que Deus teria coisas mais sérias a fazer. Condenar alguém por uma corrupção, por uma maldade, por um hominício e coisas semelhantes até creio, desde que o sujeito não tenha apresentado frutos dignos de arrependimento, mas, agora, por um ou outro gole? Aí não!

Parece que ouço Jesus dizer que “entre vós não seja assim!” Diferentemente Ele disse: “Nada há, fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele, isso é que contamina o homem” (Mc 7:15). Consegue aqui achar que bebiba contamina o homem, ou o que contamina são as ações, são as palavras e tudo aquilo que sai da boca de todos nós? Bebida entra, não sai. O que sai são nossos julgamentos, nossas fofocas, nossas intrigas, nossas palavras frívolas, nossas palavras que amaldiçoa o outro…

Com os cristãos primitivos não era assim, eles não tinham essa neurose acerca de bebida alcoólica. Jesus bebia cerveja e vinho! Nos dias dEle exista a “cevita”, que era uma cerveja muito apreciada entre os romanos e por toda a palestina. Ele mesmo disse que foi chamado de “bebedor de vinho” (beberrão), mas, diz que “aquilo que justifica a sabedoria são suas ações” (Mt 11:19), isto é, se eu bebo em eventuais circunstancias, mas é a minha sabedoria de vida e consciência que justificará as minhas ações e não a ingestão do líquido.

Alguém pode dizer: “Mas, a bebida não altera a consciência e não entorpece os sentidos, dando até, às vezes, uma insaciabilidade fazendo com que a pessoa não queria mais e mais, conforme se diz em Pv 23:29 a 35? SIM. Vejamos:

“Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as pelejas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades. E serás como o que dorme no meio do mar e como o que dorme no topo do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? Ainda tornarei a buscá-la outra vez.” (Pv 23:29 a 35)

Por esse motivo muitos crêem que o vinho que Jesus transformou nas bodas de Caná em Jo 2, não continha álcool, posto que, se assim fosse, Ele estaria pecando. No entando, temos indícios que era vinho mesmo, vinho com álcool, como convinha em qualquer festa da época. Ele NÃO foi chamado pra realizar o casamento, foi um convidado normal, apenas foi e lá iniciou seu ministério transformando água em vinho, que na percepção dos presentes na festa, era o melhor vinho, e que ficou guardado para o final. Era o vinho que fez a alegria do povo.

Ah, e o que dizer ainda do vinho servido na ceia descrito em I Co 11 por Paulo, que tinha o poder de embriagar – “…ao passo que há quem se embriague…”. Pode alguém dizer: “Meu Deus, vinho alcoólico na seia do Senhor?” Sim. Eu já disse que essa moralidade hipócrita não existia nos tempos primitivos, essa doença veio nascer agora. É só ler. Mas, parece que os crentes não lêem, não é possível! “(…)quando vos reunis, não é para comer a ceia do Senhor, pois quando comeis cada um come a sua própria ceia com fome e outro se embriaga.” (I Co 11:21,21)

É impossível ser discípulo de Jesus e se tornar um asceta, um monasta, ou seja, aquele que se isola pra vivver uma vida de privações em busca de uma perfeição espiritual que nunca será habitável por ninguém. Paulo nos recomenda a não sermos assim – “(…)não bebas isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro…”, coisas essas que Paulo diz que têm “aparência de sabedoria e humildade, mas que não têm valor algum…” (Cl 2:21).

Sobre esse assunto, deve-se fazer uma pergunta: Será que não há uma barreira, ou um limite? Todos  podem beber cerveja ou qualquer bebida alcoólica? 

(1) Tem gente que não pode beber, nem um pouquinho, porque tem propensão a dependência. Dos tais, o ideal seria bom nem chegar perto. No entanto, ainda que ninguém tenha de se privar em razão da fragilidade de quem quer que seja, o chamado cristão é para o que edifica e convém! “Tudo é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo é permitido”, mas nem tudo edifica.” (I Co 10:23) Se alguém bebe e corre o risco de se tornar dependente; isso tanto não edifica quanto não convém.

(2) Não é aconselhável o cristão beber, não porque o líquido vai jogá-lo no inferno – líquido não tem esse poder, já pensamos acerca disso lá em cima. Não se é aconselhável porque o álcool faz perder a sobriedade, sensatez, a moderação (equilíbrio). A Palavra nos manda sermos sóbrios e vigilantes (I Pe 5:8), ser tardio no falar (Tg 1:19), no agir, e não nos deixarmos levar pela bebida que é um alterador de consciência e um entorpecimento dos sentidos… “O vinho é escarnecedor”, (Pv 20:1) e a na sua “embriagues há contenda” (Ef 5:18). Contudo, quem bebe com sobriedade (I Pe 5:8), bom-senso e prazer maduro, sabendo seu limite de moderação (Tt 2:6; I Pe 5:8) e equilíbrio (II Tm 2:7), que o faça sempre sem exageros, isto lhe é lícito, mas “não se deixe dominar por nada disso” (I Co 6:12). Autocontrole o nome da ação de que se tem de fazer… “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e DOMÍNIO PRÓPRIO. Contra essas coisas não há lei.” (Gl 5.22,23).

Em I Tm 3, Paulo aconselha aos bispos da igreja a NÃO beberem vinho, antes, que sejam moderados e também inimigos de contendas. No entanto, no mesmo capítulo ele aconselha aos diáconos da igreja a não  se darem muito ao vinho, isto é, “não bebam muito, mas, se beberem, bebam pouco.” Note-se claramente que a diferença das ordens de Paulo. Aos pastores ele manda não beber, mas aos diáconos ele diz: “não dados a muito vinho”. Observe que, como diz Thiago, “os que querem ser mestres receberão o mais severo juízo“. Quem quer o bônus do pastoreio, tem de arcar com o ônus de viver uma vida casta, sendo maior exemplo, sendo “irrepreensível” – I Tm 3:2,3,8…

Todavia, há quem goste de brincar com o poder do álcool na mente. Exorta semelhantemente os jovens a que sejam MODERADOS. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2:6 a 8)

Paulo faz menção clara sobre o não uso do álcool e da embriaguez de forma clara, inicando consequências na vida vindoura:

“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; EMBRIAGUEZ, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus.” (Gl 5:19 a 21)

“Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em BEBEDEIRAS, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja.” (Rm 13:13)

AINDA ASSIM QUER BEBER? Ora, beba, mas seja maduro, não se embriague exacerbadamente, beba mas não dirija, beba mas não seja bebido pela bebidaUm dos maiores sinais que a bebida já bebeu o cara, é quando ele tem de beber todos os dias, ainda que não se embriague. Assim sendo, a bebida já bebeu o cara e ele nem sentiu. O humor muda sempre ao ponto de que fica bem humorado quando bebe. Beba, mas siga a moderação, sensatez, equilíbrio e autocontrole que já falamos, para que, porventura, não seja bebido por ela e venha a cometer os excessos pecaminosos com consequência de seu entorpecimento de mente e alteração de consciência:

Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as pelejas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades. E serás como o que dorme no meio do mar e como o que dorme no topo do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? Ainda tornarei a buscá-la outra vez.”

Mesmo como todos esses direcionamentos e orientações a não se beber ou se beber que se tenha sobriedade e moderação, Paulo recomenda a Timóteo que, por causa dos seus problemas estomacais ocorrido pelas águas contaminadas que bebia ao longa das estradas, que não bebesse somente água, mas também “um pouco de vinho (I Tm 5:23).

Parece blasfêmia e heresia das mais bravas, mas, você pode beber e ir pro céu bebendo, problema não é o céu ou a salvação, mas é o fígado, é o coração, são os rins, é a circulação, é a vitalidade física e sexual, é o tempo, é o dinheiro gasto… Deus não é criança, fazendo beicinho, biquinho e ficando de mau cada vez que você coloca um álcool na boca, Jesus não vai ficar zangadinho se isso acontecer. Ele disse que “o que contamina o homem é o que sai dela, e não o que entra” (Mt 15:11) e “aquilo que justifica a sabedoria são suas ações” (Mt 11:19; Rm 14:22,23)

Entenda que “TODAS as coisas são puras para os puros…” (Tt 1:15) “Todas as coisas me são licitas, mas nem todas edificam ou me convém. Todas as coisas me são licitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhum delas.” (I Co 6:12,13; I Co 10:23).

Sua consciência não pesa ao beber, ainda que com sobreiedade, sensatez e moderação?

Assim, seja qual for o seu modo de crer a respeito destas coisas, que isso permaneça entre você e Deus. Bem aventurado o homem que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer ou beber, porque não o faz com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.” (Rm 14:22,23). Vai na sua e viva conforme sua consciência determia diante de Deus.

Agora sejamos sinceros para terminar: Pelo amor de Deus, qual é o paladar que não almeja um bom vinho no frio ou de uma cerveja gelada num dia de verão? Ou de um bom champanhe nas festas solenes, Natal, Ano Novo? Todavia, “não useis a liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5:13; I Pe 2:16). Não beberá? Creio, sinceramente, ser A MELHOR OPÇÃO a se fazer, mas, se o fizer, conforme a saúde da consciência, que o faça com sobriedade (I Pe 5:8) e moderação-equilíbrio (II Tm 2:7), tendo também muito cuidado para não se servir de pedra de tropeço e escândalo para outros irmãos que preferem não beber, veja:

Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas é errado o homem comer com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.” (Rm 14:21) e (I Co 8:13).

Um abração a todos!
Rubens Júnior