Rubens Júnior

Mês da Reforma - Halloween não é Pagão: Uma Análise Pastoral Reformada

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Tornou-se rotina em outubro que algumas escolas cristãs enviem cartas alertando os pais sobre os "males" do Halloween. Igualmente, tornou-se rotina para mim ser questionado sobre esse assunto. Minha resposta, fundamentada na teologia reformada, muitas vezes surpreende.

As Verdadeiras Origens Cristãs: Véspera de Todos os Santos
"Halloween" é simplesmente a contração de All Hallows' Eve (Véspera de Todos os Santos). A palavra 'hallow' significa 'santo', sendo uma forma alternativa de 'holy' (como na oração: "santificado [hallowed] seja o teu nome").

O Dia de Todos os Santos, 1º de novembro, é a celebração da vitória dos santos em união com Cristo. A observância desta festa surgiu no final dos anos 300 d.C., sendo unificada e fixada em 1º de novembro no final dos anos 700.

É crucial entender que a origem do Dia de Todos os Santos e sua Véspera (Halloween), no cristianismo mediterrâneo, não teve nada a ver com o druidismo celta. Aliás, muito do que se atribui ao "druidismo" é, na verdade, um mito inventado no século XIX por neopagãos

No calendário bíblico e litúrgico da Igreja, o dia festivo começa na noite anterior, na sua véspera. A Véspera de Natal é o exemplo mais familiar, mas temos também a Vigília Pascal (Sábado Santo) que antecede a Páscoa. Da mesma forma, a Hallows' Eve (Halloween) é a vigília que precede o Dia de Todos os Santos.

O Significado Teológico: A Vitória sobre Satanás
Sob a Antiga Aliança, a guerra do povo de Deus era travada em nível humano contra egípcios, assírios, etc. Contudo, com a vinda da Nova Aliança, somos ensinados que nossa batalha principal é espiritual: "contra os principados e potestades" (Efésios 6:12), os anjos caídos que aprisionam corações e mentes na ignorância e no medo.

Temos a garantia (Romanos 16:20: "O Deus da paz esmagará em breve a Satanás debaixo dos pés de vocês") de que, pela fé, oração e obediência, os santos são vitoriosos.

A Festa de Todos os Santos nos lembra que, embora Jesus tenha concluído Sua obra, nós não concluímos a nossa. Ele deu o golpe decisivo, e a nós foi dado o privilégio de trabalhar na "operação de limpeza". Século após século, a fé cristã tem derrubado o reino demoníaco da ignorância e da superstição. Embora o Ocidente pareça retroceder, essa obra continua a progredir na Ásia, África e América Latina.

A Arma do Riso: A Zombaria Cristã contra o Mal
O conceito dramatizado no costume cristão é simples: em 31 de outubro, o reino demoníaco tenta uma última vez alcançar a vitória, mas é banido pela alegria do Reino de Deus.

Qual é o meio pelo qual o reino demoníco é vencido nesta vigília? Em uma palavra: zombaria.

O pecado capital de Satanás (e o nosso) é o orgulho. Portanto, para repeli-lo, nós o ridicularizamos. Foi por isso que surgiu o costume de retratá-lo num ridículo traje vermelho com chifres e cauda. Ninguém crê que o diabo realmente se pareça com isso; a Bíblia ensina que ele é o Querubim caído. A ideia é humilhá-lo publicamente, pois ele perdeu a batalha contra Jesus e não tem mais poder sobre nós.

As gárgulas nas catedrais antigas tinham o mesmo significado: simbolizavam a Igreja ridicularizando o inimigo. Elas mostravam a língua e faziam caretas para os adversários da Igreja. Gárgulas não são demoníacas; são representações dos fiéis zombando do exército demoníaco derrotado.

Foi precisamente por esse motivo — associar o dia à derrota do mal — que Martinho Lutero afixou suas 95 Teses contra as práticas perversas da Igreja na porta da capela de Wittenberg precisamente no Halloween. Ele escolheu a data deliberadamente. Desde então, 31 de outubro é também o Dia da Reforma.

Assim, na Véspera de Todos os Santos (Hallow-E'en), surgiu o costume de zombar do reino demoníaco fantasiando as crianças. Visto que o poder de Satanás foi quebrado de uma vez por todas, nossos filhos podem zombar dele vestindo-se como fantasmas, duendes ou bruxas. O ato de vestir nossos filhos assim demonstra nossa suprema confiança na derrota total de Satanás por Jesus Cristo: NÓS NÃO TEMOS MEDO!

Desmistificando os Costumes Populares
Não tenho como verificar todas as origens históricas de cada costume, mas "Gostosuras ou Travessuras" ( Trick or Treating) sem dúvida teve uma origem simples: algo divertido para crianças.

Contudo, dificilmente podemos nos opor a crianças que coletam doces de amigos e vizinhos. Talvez isso não signifique muito para nós hoje, em nossa prosperidade, mas para gerações anteriores, que não eram tão abastadas, ganhar doces era algo especial. Não há razão para lançar um balde de água fria sobre um costume tão inocente.

Da mesma forma, as origens da abóbora-lanterna (jack-o'-lantern) são desconhecidas. Escavar um vegetal, esculpir um rosto e colocar uma luz dentro é algo que ocorreu independentemente em centenas de culturas. No Novo Mundo, as abóboras mostraram-se ideais para isso. A abóbora-lanterna nada mais é do que uma decoração.

Em algumas culturas antigas, talvez isso representasse o rosto de uma pessoa morta. Mas isso não tem relevância para o costume atual. Sua mãe lhe disse, ao esculpir a abóbora, que ela representava a alma de um morto presa ali? Claro que não. Símbolos e palavras significam coisas diferentes em culturas e épocas diferentes. A única questão relevante é o que significa agora, e hoje é apenas uma decoração.

E mesmo que gerações anteriores associassem a abóbora a uma alma, e daí? Elas não levavam isso a sério. Era apenas parte da zombaria jocosa dos cristãos contra o paganismo supersticioso.

Um Alerta contra o Revisionismo Pagão
Aqui, cabe observar que muitos artigos em livros e enciclopédias são escritos por humanistas seculares ou por neopagãos do movimento "Nova Era". Essas pessoas suprimem ativamente as associações cristãs com os costumes históricos e tentam magnificar supostas associações pagãs. Fazem isso para tentar legitimar o paganismo e menosprezar o cristianismo. Assim, ouvimos que o Halloween, o Natal ou a Páscoa têm "origens pagãs". Não é verdade.

Estranhamente, alguns fundamentalistas foram influenciados por essas visões tendenciosas. Eles rejeitam a reescrita humanista da história ou da ciência, mas aceitam a reescrita pagã das origens do Halloween ou da árvore de Natal. Esperamos que, com o tempo, esses irmãos reexaminem essas questões. Não devemos permitir que os pagãos pensem por nós.

Conclusão: Recuperando o Riso Santo
Hoje, o significado cristão original foi largamente absorvido pela cultura popular, e as crianças se fantasiam de super-heróis. Além disso, a ascensão do "paganismo de grife" faz com que alguns cristãos, compreensivelmente, se sintam incomodados.

Contudo, não devemos esquecer que o Halloween era, em sua origem, um costume cristão. Não há razão sólida para que os cristãos não possam apreciá-lo como tal, mesmo hoje.

"Aquele que habita nos céus ri; o Senhor (Javé) zomba deles", diz o Salmo 2:4.

Juntemo-nos a esse riso santo e zombemos dos inimigos de Cristo neste 31 de outubro.



FONTE: Concerning Halloween

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